Acessibilidade é lei, mas nem sempre é fácil

Nas construções mais antigas, síndicos e administradores têm dificuldade em encontrar saídas para adaptar os acessos e espaços para todos

Dirceu Jarenko: de um lado a coluna, do outro a fiação elétrica – ficou difícil instalar uma plataforma
As construções feitas a partir de 2004 precisam estar de acordo com a Norma Téc­­nica 9050, publicada pela Associação Brasileira de Nor­­mas Técnicas (ABNT). O texto indica que todo o mobiliário e equipamento urbanos devem estar acessíveis, independente da condição ou das características da pessoa. A normatização ganhou força de lei com a publicação do decreto 5296 de 2004, que regulamenta os critérios bá­­sicos para acessibilidade.

“É basicamente não criar obstáculos. Evitar degraus de tamanhos di­­ferentes, desníveis en­­tre os ambientes, rampas, padronizar tamanho de portas, facilitar o acesso a instalações sanitárias, incluir placas sinalizadoras, elementos táteis para pés e mãos. É projetar um espaço com layout claro e de fácil leitura para todos”, explica o arquiteto Frederico Carstens, da Reali­za Arquitetura.

Ele conta que, nos projetos novos, aos poucos os clientes se acostumam que os itens que são necessários incluir para obedecer a legislação. “A gente usa os terrenos no limite da possibilidade. Então foi complicado, por exemplo, assimilar que uma escada que antes ocupava 20 metros quadrados passa a ocupar 25 metros quadrados”, comenta. Para ele, o processo faz parte de uma mudança cultural e pode ser comparado ao uso de cinto de segurança nos veículos. “No começo a gente não usava, não estava acostumado. Agora é automático entrar em um carro e puxar o cinto de segurança. É a mesma coisa com as normas de acessibilidade”, compara.

De acordo com o arquiteto, nos projetos de prédios comerciais e corporativos os elementos de acessibilidade estão mais presentes e a adaptação dos antigos tem sido mais efetiva. “Mas nos residenciais, vamos ver uma nova geração de prédios que estarão prontos para atender a todos, que são os que estão ficando prontos agora”, explica.

Adaptações

Para prédios antigos, é preciso criar saídas mais elaboradas. “A grande dificuldade, nos edifícios mais velhos, é a maneira como eles foram construídos. Eles não foram planejados para incluir condições de acessibilidade e a estrutura dos prédios não facilita”, explica Dirceu Jarenko, vice-presidente da área de condomínios do Sindicato da Habitação no Paraná (Secovi-PR). Ele é síndico do prédio onde mora e comenta que, no local, por ora, a única adaptação viável foi a troca dos painéis do elevador, com leitores para deficientes visuais.

“Nós já estudamos como fazer rampas, como incluir uma plataforma elevatória. Mas a estrutura não permite esse tipo de mudança. De um lado tem uma coluna estrutural, na outra parede passa a fiação elétrica e a tubulação. A maior dificuldade é encaixar os acessos”, indica.

De acordo com ele, os síndicos e as administradoras de condomínios mais antigos procuram o auxílio do Secovi-PR e também do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR), mas em muitos casos, a dificuldade está na adaptação. “Vemos que as pessoas querem e precisam mudar o lugar onde vivem para torná-lo mais acessível, mas isso demanda, além de investimento, a possibilidade de fazer uma mudança estrutural”, indica Joel Kruger, presidente do Crea-PR.
Desenho universal

É o conceito que deve ser alcançado por engenheiros e arquitetos. Diz respeito a projeto para imóveis que consiga atender a maior gama de variações antropométricas e sensoriais da população

Fonte: Gazeta do Povo

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