Em entrevista exclusiva ao Blog Donny Silva, o ex-distrital Raad Massouh faz revelações e acusações
Ele estava em ascensão em seu segundo mandato de deputado distrital. Casado, pai de quatro filhos, empresário, ex-piloto de corrida, visionário e grande incentivador do esporte em Sobradinho, Raad Massouh resolveu quebrar o silêncio e decidiu abrir o coração sobre temas delicados. Durante a entrevista concedida com exclusividade ao Blog, ele chorou em vários momentos. Ele ainda busca provar que foi vítima de uma grande armação, e quer reverter decisão do TSE que o condenou a ficar longe do poder. “Se o TSE absolveu, após ter condenado o deputado Paulo Maluf, por quê não pode fazer o mesmo comigo já que minha cassação foi política e não tenho nenhuma condenação?!”, indaga o ex-parlamentar com fome de justiça.
Raad obteve quase 18 mil votos em 2010. Ele concorreu com outros nomes fortes da região de Sobradinho, como por exemplo, Raimundo Ribeiro, Dr Michel e Paulo Tadeu. Com discurso forte e posicionamentos firmes, conquistou admiradores e adversários. E alguns inimigos ocultos…
Ele foi o autor do Projeto de Lei que acabou com a farra dos salários extras na Câmara Legislativa do DF. Eram pagos até então, dois salários a mais por ano aos distritais. Raad, ao assumir o mandato, abriu mão dos salários extras e foi o único distrital que, mesmo sendo filiado ao DEM, não apareceu no escândalo da Caixa de Pandora.
Ele guarda muitas mágoas de dois políticos, Dr Michel e Joe Valle (relator do caso na Comissão de Ética), que não aceitaram sequer ver as provas dele. Raad não foi condenado pela denúncia e até o delegado Flamarion estava na oitiva dele na CLDF (Flamarion foi exonerado com mais outros 51 quando Onofre assumiu o comando da PCDF).
Raad foi procurado por um pastor de nome Elizeu, que seria o elo entre Dr Michel, Agaciel e Joe Valle, e lhe pediu R$2,7 milhões. Ele se negou a pagar e Dr Michel o acusou de ter oferecido o dinheiro para escapar da cassação (Na gravação que Raad fez do encontro com o pastor, o mesmo cita Michel, Agaciel e Joe, que comandavam a Comissão de Ética da CLDF)
Ele então procurou a PCDF e apresentou denúncia (Termo de Declarações Protocolo 914788/2013), que posteriormente virou Inquérito Policial número 060/2013, que conforme apurado por nossa reportagem, se encontra em sigilo e inexplicavelmente parado na DECAP. “Cadê as gravações? Que atos criminosos eu pratiquei? Questiona o empresário.
Em seu depoimento ao DPE, Raad asseverou que, em diversas vezes, durante a gravação ambiental realizada por ele, o pastor Elizeu afirmou ter escutado do então deputado Dr Michel, que desde o início do processo que tramitava na Comissão de Ética na CLDF, ‘todos sabiam sobre a inocência de Raad’.
Ao final do depoimento, ocorrido em 21 de agosto de 2013, coincidentemente o pastor Eliseu ligou para Raad, exatamente ás 12h37. Raad afirmou que já havia procurado o Ministério Público e diante das circunstâncias, decidiu comunicar os fatos à autoridade máxima da PCDF, por temer por sua integridade física. Confira:
Donny Silva: É verdade que no julgamento que culminou na sua cassação, apareceram 24 votos contra o senhor, mesmo não tendo votado em sí mesmo?
Raad: No meu julgamento eu não votei, não podia votar. Mas na hora em que eles abriram a primeira contagem, na urna haviam 24 votos. Mas eu não votei! A sede de me cassar era tão grande que alguém votou duas vezes. No entanto, nós pedimos que fosse cancelado. Simplesmente, sabe o que eles fizeram? –Apaga tudo, desconsidera, realmente foi um erro e vamos começar de novo.
Raad Massouh e seus algozes em 2013: Flamarion, Dr Michel, Cabo Patrício, Joe Valle, Olair e Agaciel.
Donny Silva: O senhor teve direito a defesa?
Raad: Isso é o direito de defesa que eu tive? Mas todo mundo estava lá e ninguém prestou atenção, e não adiantava eu falar. Aí o presidente (deputado Cabo Patrício/PT) cancelou a primeira votação e fez a segunda. Eu já estava longe e eles mandaram me chamar. – Volta por que tem um erro aqui. Eu voltei. Se não tivesse voltado, como ia ficar? Às vezes era preferível não ter voltado e teria acabado com toda aquela farsa, mas foi assim que Deus quis e eu fiquei tranquilo. Eu voltei, e eles fizeram.
Donny Silva: Por quê a sessão que cassou seu mandato não ocorreu em sigilo?
Raad: Eu não fui o último deputado no Brasil, parlamentar, que conseguiu o direito de ter minha votação em sigilo? Lembra que estava acabando e a minha foi considerada? Como eu já havia feito o pedido, a lei que foi autorizada que mais ninguém podia fazer, foi posterior. Eu teria o direito e eu tive o documento do Tribunal me exigindo a liminar, que a minha votação fosse em segredo. Teve segredo?
Donny Silva: Então um grande circo foi armado, é isso?
Raad: A Liliane Roriz fotografou a cédula. O Chico Vigilante deu aquele depoimento dizendo que ia pedir a toda bancada do PT para votar pela minha cassação porque eu não prendi o delegado que estava me fazendo a extorsão. Não tinha nada a ver com o meu julgamento, com o que eu estava sendo acusado.
Donny Silva: Qual foi a conduta do então presidente da CLDF, deputado Cabo Patrício naquele momento?
Raad: Aí vem o Cabo Patrício, fez meia hora de encenação, falando que eu era bandido. Fora que eles tinham dito ter mais de mil gravações onde eu tinha todo tipo de corrupção. Me fez parecer o maior bandido do mundo. E hoje, já se passaram seis anos e cadê as coisas que eu fiz? Nada apareceu e nada foi divulgado. Eu não tenho nenhuma gravação que me condene a nada. Se tivesse, não teria que estar na minha denúncia? Não tem. E os inquéritos que estão ai na DECAP, de seis, já arquivaram quatro ou cinco, porque simplesmente não procedem.
Donny Silva: Algum distrital fez depoimento revelando o voto?
Raad: Aí o Chico Leite deu o depoimento e também queria votar pela minha cassação. O Dr. Michel deu o depoimento que queria votar pela minha cassação. Então não tem nada de segredo, eles descumpriram uma liminar da justiça. E eu, não adiantava falar nada. Foi esse o tipo de defesa que eles me deram. Nunca tive direito de defesa. Então o que é ter direito de defesa se na sua votação teve uma pessoa que votou dobrado e você não conseguiu parar a votação?
Donny Silva: Alguem quis ouvir seu lado?
Raad: Nunca ninguém me deu a credibilidade, até hoje, de nada.
Donny Silva: Considera-se injustiçado?
Raad: De uma forma brutal. De uma forma que não só eu como minha família, minha mulher, meus filhos, minha mãe, meu pai e os meus 17.997 eleitores.
Donny Silva: Naquele dia que o pastor Elizeu te procurou, como foi esse episódio?
Raad Massouh: Olha, esse pastor era conhecido meu e de outro deputado da cidade. Veio aqui dizendo que sabia que eu seria cassado, masque tinha um jeito de resolver. Que tinha uma pessoa que pediu para ele vir aqui e aí na gravação fala claramente quando ele começa a falar que estava constrangido, que não sabe o que falar, mas que o Dr. Michel, representando o Código de Ética da Câmara Legislativa me passava um recado, de que eu tinha perdido já na votação, primeiramente de 3 a 2, que até então Agaciel ainda estava do meu lado, mas que teria que pagar R$1,5 milhão para arquivar esse processo.
Donny Silva: E depois, o que aconteceu?
Passaram-se mais um ou dois dias, e eles retornaram aqui na minha casa, acompanhado até de uma outra pessoa, dizendo que o governador Agnelo Queiroz (PT) tinha lavado as mãos e que nem o deputado Agaciel estaria mais disposto a me defender e que eu já estava fulminado e que eu só tinha uma pessoa que votaria a meu favor que seria o deputado Olair, e que agora a quantia seria de R$ 2,7 milhões porque, por exigências do Dr. Michel e dos demais, foi esse rateio que havia sido feito entre eles.
Donny Silva: O senhor chegou a pagar algum valor?
Eu já tinha dito uma vez que não daria nenhum valor e continuei mantendo a afirmação que não faria o acordo e de fato não fiz. E isso realmente, foi claramente falado, está na gravação. Um detalhe Donny: aquela gravação que você ouviu, olha, eu entreguei para todos da imprensa naquele dia, já quase sete anos. Mas eu já estava tão lascado que ninguém ouviu.
CD com gravação ambiental entregue às autoridades por Raad em 2013, em que conversa com o pastor Elizeu e se nega a pagar propina para não ser cassado. Não adiantou.
Donny Silva: As autoridades tomaram conhecimento da gravação que o senhor fez?
Raad: O meu telefone original foi entregue no Ministério Público e na Polícia Civil, então o Ministério Público e a Polícia Civil não ouviram aquela gravação de um CD não, eles ouviram do meu telefone que eu deixei por dois dias para ser analisado. Então essa é a grande verdade. Quando eu fui falar na época que eu estava prestes a ser cassado que eu tinha passado por essa situação, eles viraram o jogo dizendo que não. – Ele está querendo tumultuar, querendo bagunçar. Por que ele não falou antes?
Donny Silva: Mas como assim?
Mas eu falei antes, só não fui ouvido. Eu entreguei a fita lá no Ministério Público, 32 ou 33 dias antes desse dia que eles falaram que eu estava querendo tumultuar. E eu tinha feito a ocorrência na Polícia Civil antes, no mesmo dia eu fiz tudo isso aí. E eu ouvi da boca do próprio diretor da Polícia Civil, por diversas vezes: — Raad, foram na sua casa procurar um filhote. Foi o termo que o então Diretor da Polícia Civil usou pra me explicar porque eles vieram, quando eu fui lá ele disse: — Não tem nada contra você, eles foram atrás de um filhote pra poder te condenar.
Donny Silva: E no dia dessa operação na sua casa haviam dois promotores também?
Raad: Sim, estavam os dois promotores que vinham acompanhado meu caso, por volta das 5 horas da manhã. Inclusive aqui tinha um cofre antigo, que depois deles caçarem tudo, eles levaram até o CD evangélico da minha mulher, os policiais se recusaram a carregá-lo porque ele era muito antigo e muito grande e eu não sabia o número. Ai eu disse: –Gente, calma. Eu mesmo liguei pra o chaveiro, chamado Ari, paguei R$300,00 pra ele abrir o cofre pra os policiais poderem fazer busca e apreensão. Quer dizer: não havia uma demonstração de boa vontade maior que essa. Mas mesmo assim, pelo menos, graças a Deus, não acharam nada de ruim, não falaram que não acharam nada, mas pelo menos não falaram que acharam. Isso pra mim já foi muito.
Donny Silva: Deputado você acha que a sua cassação ocorreu porque o senhor foi contra os interesses de grupos lá na Câmara?
Raad: Sim. Olha, desde quando eu fui suplente que eu não aceitava a situação do suplente ter só dois funcionários, enquanto o titular estava numa Secretaria com todos os frutos e ainda manter o gabinete a disposição dele com 95% de funcionários e aí eu reclamei naquela época. Então eu arrumei inimizade muito grande. Teve uma época que teve uma votação da qual eu não fiz, eu não aceitei a votação. Eu cheguei a falar no dia lá na plenária lá que a votação era em benefício próprio, certo? Eles queriam colocar seguranças em cada rua de Brasília. Você já pensou todas as quadras com vigilante? Quem pagaria? Eu falei que não aceitava. Então eu fui acumulando inimigos.
Donny Silva: O senhor passou então a ser perseguido pelos colegas?
Raad: Então a coisa foi ficando mais feia depois desse mandato, com a história do processo, do projeto de acabar com o 14º e 15º de todos os deputados. O Reguffe deu entrada, naquela época eu era suplente e ficou engavetado, mas quando eu fui eleito na outra legislatura aí eu desengavetei o processo e tomei porrada por dois anos por conta disso. Dois anos! Por fim, eu consegui aprovar o projeto. Tanto é que acabou na Câmara Federal e no Senado. No Maranhão, nós descobrimos Câmara com 18º salário, e eu que sou era o bandido.
Donny Silva: Seu projeto de lei que acabou com a farra dos salários extras serviu de exemplo para todo o Brasil?
Raad: Naquele dia quando eles chamaram e fizemos aquela votação e que realmente acabou, acabou não foi só por conta do meu projeto não. Acabou porque a mídia começou a bater e acabou no Brasil inteiro. Então quantos bilhões eu economizei pra nação. Eu paguei a conta sozinho. Eu fiz uma coisa que qualquer parlamentar se propõe a fazer com o dinheiro público, eu acabei com aquela sacanagem porque todo brasileiro ganha 13º, por que o deputado tem que ter 14º e 15º? E uns até 18º? Então por que a minha cassação foi tão sumária? Com isso eu arrumei inimizades de deputados federais e senadores, que são todos os donos dos partidos. Que quando os distritais já tinham fechado aquele acordo pra me cassar eles já tinham o aval dos partidos e não queriam nem saber. E fui eu quem pagou a conta.
Donny Silva: Os partidos te ofereceram dinheiro para voltar atrás no projeto?
Raad: Me ofereceram benefícios financeiros por diversas vezes e eu nunca aceitei e isso aí me tornou “perigoso”, assim, para o grupo. Cansei de ver na mídia, deputado e deputada dando entrevista dizendo: ‘O Raad vai ser cassado porque não faz parte do grupo’. Todos vocês escutaram isso e eu me sinto hoje orgulhoso de não fazer parte daquele grupo. Todo com muito problema, muitos não se reelegeram, a única coisa que eu falo é: felicidade. Mas meus algozes principais uns não se reelegeram e os outros estão tudo aí como réu na justiça, mais recente agora o Dr. Michel, atualmente Conselheiro do TCDF. Eu fico muito triste com tudo isso porque realmente eu trabalhei muito, trabalhei de coração.
Donny Silva: E nesses últimos oito anos, o que o senhor tem feito?
Raad: Eu fui para minha empresa, eu tinha um hotel fazenda RM. Sempre foi cotado entre os três melhores do Brasil e eu estava querendo pegar o momento, fechar o hotel fazenda e abrir uma clínica para tratamento químico porque eu achei que seria mais lucrativo, como empresário. Que eu acho que um bom empresário tem que saber a hora de fazer outra coisa. Você não é só jornalista se precisar você faz outra coisa. Mas a maioria da gente às vezes não faz. Eu já fui caminhoneiro, fui tratorista, eu já fui dono de loja de automóvel na Asa Norte, RM automóvel, que eu ganhei o meu dinheiro foi na RM automóveis, depois eu abri o RM hotel fazenda, que hoje é a RM Clínica, então me pegou até com muita dificuldade financeira naquela época, porque eu estava fechando o RM hotel fazenda e abrindo a RM Clínica.
Donny Silva: O senhor pensa em voltar para a política?
Raad: Olha, falar para você Donny, que eu não penso eu estaria sendo um mentiroso, porque, talvez eu não quero eu voltar, mas já é de conhecimento de algumas pessoas, porque hoje graças a Deus eu passei por tudo isso aí, mas onde eu ando na cidade todo mundo gosta de mim, todo mundo tem carinho comigo e todo mundo sabe que eu fui injustiçado e perseguido e escolhido para esconder as barbaridades de todos que agora todo mundo está sabendo. Então de tanto eu escutar aqui dentro da minha cidade, de muitos locais que eu devo voltar porque eu era o único deputado que lutava pela saída da norte, eu tomei uma decisão a respeito.
Donny Silva: O que o senhor está pensando então?
Raad: Eles não vão me julgar para não deixar eu ser candidato, então o que eu fiz, eu estou pensando, estou com um sério propósito de lançar meu filho mais novo, Raad Jr, que está com 21 anos de idade, mas é um jovem empresário, e ele é que cuida lá da clínica. Está lá, ele a irmã dele que gerenciam, são gestores lá da clínica RM que hoje, depois de toda a dificuldade já é considerada entre as três melhores do Brasil, assim como o hotel fazenda era. Então eu passei esses oito anos, te respondendo agora, envolvido, faz isso, faz aquilo. Foi a forma que eu tive de fugir e me manter sadio e tranquilo, construindo. Hoje, até se eu tiver que voltar para a política um dia eu posso largar porque hoje meus filhos já estão bastante treinados para poder tomar de conta daquilo lá. Agora foi muito difícil.
Raad Jr: Empresário e piloto de exibição da modalidade drifiting. Desde pequeno acompanha bem de perto os passos do pai.
Donny Silva: Já fez alguma reunião com amigos e familiares a respeito da política?
Raad: Um dia eu fiz uma reunião, comecei a chamar pessoas que eram do meu convívio de antigamente, eu achei que ia fazer uma reunião de 30, 40 pessoas, foi feita aqui na minha casa e a surpresa que eu tive, que esse condomínio travou, ninguém andava mais dentro do condomínio, encheu, lotou. E eu fiquei assustado. Eu não sabia que eu ia ter aquele atendimento ao chamado. Deu mais de 200 e poucas pessoas aqui dentro. E esse local aqui encheu e graças a Deus, e nesse momento eu conversei com eles pela primeira vez o que tinha acontecido comigo, assim como estou conversando com vocês. Todos tinham certeza que eu era inocente. Todo mundo fala assim: Raad eu te conheço, a gente sabe disso aí. Agora, era importante. Então nesse dia, eu conversando com o pessoal eu sugeri: Olha, eu não posso ser candidato, certo? O que que vocês acham de lançar ele. É uma boa alternativa. Eu no momento falei: Raad Junior, fala com o pessoal. Pedi ao pessoal que tivesse um pouco de carinho, porque era a primeira vez que ele falava para mais de dez pessoas e eu joguei a bomba na mão dele. Eu falei, agora conversa. O rapaz deu um show. Todo mundo saiu daqui convicto, sem tirar as brincadeiras de fora, que ele era melhor do que eu. Mas saiu todo mundo convicto que ele pegou até eu e a mãe dele que estava na frente conversando, de surpresa, quando ele comunicou que ele já tinha transferido a matricula dele do 5º semestre de administração no CEUB para gestão pública, porque ele ia aproveitar mais, tudo que ele aprendeu em administração servia para gestão pública. E nós chegamos à conclusão, que você tem uma pedra preciosa que precisa de lapidar. Uma é de fácil lapidação e a outra não pega lapidação. Então ele é um menino jovem, vai precisar de uma lapidação? Vai. Mas aí é onde eu vou estar com ele. Aí vou estar junto com ele. Meu filho aqui pode, aqui não pode, isso aqui faz, isso aqui não faz. Eu fico com ele um ano, dois anos, três anos e deixo ele correr, porque ele tem uma vida útil muito maior que a minha, e hoje eu acredito que aquela Câmara Legislativa deva renovar no mínimo 80%.
Donny Silva: O que o senhor viu na política?
Raad: Te contar aqui a minha vida, o que que eu acho. Por exemplo, quando eu entrei na primeira legislatura eu sofri muito, como suplente, em 2010, aí quando eu voltei eleito em 2014, a Câmara trocou quase 35% dos deputados, 35%. Porque eu não consegui sobreviver? Porque se fosse como hoje, que a Câmara deva renovar 80% eu teria sobrevivido e teria feito meu trabalho com toda dignidade. Teria acabado com o 14º e 15º salário sem ninguém me perseguindo da forma que perseguiu. Ninguém teria me oferecido propina e muito menos teriam inventado um absurdo que eu já provei pra todo mundo, por A+B que eu não tenho culpa em tudo isso aí de R$47.000,00. Enquanto está aí, só se fala em milhões e milhões e milhões, inclusive de distritais. Então o que eu acho, que se eu tivesse entrado na política hoje eu poderia ter ajudado muito mais. Por quê? Porque o lado bom hoje da próxima eleição, eu tenho quase certeza, que será maior do que a banda podre da Câmara Legislativa. Na minha época foi ao contrário, nós entramos, não vou dizer só eu não, vários outros deputados entraram com as melhores intenções. Não vou dizer que só eu não, tem muita gente séria na Câmara Legislativa, mas acontece o seguinte: as pessoas que tinham pensamento positivo, eram bem menores do que as que tinham, além do pensamento negativo ou do mal, tinham o controle da Câmara Legislativa, e eles faziam o que queriam, a nossa palavra não valia nada. Ou o cara se rebelava como eu e tentava levar uma vida independente e acabou no que acabou, ou então ficava quietinho. Como esta aí, você sabe que tem deputado que ficou lá quatro anos e está lá, nunca abriu a boca pra falar nada, não quero citar nome.
Donny Silva: O senhor então tem personalidade enquanto outros não?
Raad: Exato. Eu sempre fui um homem de fibra, eu sempre corri pela luta, então por exemplo, não entrei lá para ficar dois anos, dez anos lá vegetando para ganhar um salário, de jeito nenhum. Mesmo porque minhas empresas, dentro das minhas empresas eu ganho muito mais. Então eu comecei a ter atitude, eu ter atitude, eu ter atitude, entendeu?
Donny Silva: O senhor foi um parlamentar polêmico. Descreva um pouco.
Raad: Fui, como secretário, mostrar as coisas ruins. Brasília ninguém paga imposto, só quem paga é a gente. Aquela do cartão de crédito, até com cartão de crédito eu fui mexer e tomei porrada de lá, banqueiro. Quando você almoça Donny, num restaurante, você paga com o quê? Com cartão. O dono do restaurante, você sabe, que ele obrigado a pagar imposto, pra bandeira de 4.8, 4.2, depende. Você acredita que a Master e a Visa nunca recolheram um centavo de imposto no Brasília? Eu tenho tudo isso aí provado, mostrado e fui ao governo. Isso vai pra Barueri (SP), que hoje, por exemplo, Barueri, uma cidadezinha desse tamanhozinho e é a segunda maior renda per capita de São Paulo. Como? Porque tudo que acontece aqui, as grandes empresas hoje, por exemplo, a Ricardo Eletro, todas as multinacionais, todas as montadoras de carro, elas tem em Barueri uma lojinha de 10 metros quadrados só com a fachada, pra recolher o imposto. Porque ao invés deles pagarem imposto aqui de 4.2 para o governo do Distrito Federal, elas pagam 0.2 para Barueri. Uma cidade igual Barueri tem o dobro de UPAs que nós temos no Distrito Federal. Aí aonde eu fui brigar. Olha aonde eu cheguei. Aí quando correu a noticia: Ah, o secretário Raad vai ser cassado. Todo mundo queria me cassar. Porque eu cheguei no governo e falei: Rapaz vamos acabar com isso. Aí ele: Ah mas não dá. Dá. Governador mandou que eu procurasse o advogado dele, eu procurei, a opção foi fazer acordo com as grandes bandeiras. Invés de recuperar o nosso dinheiro, de Brasília, eles preferiram se beneficiar de alguma forma.
Donny Silva: Qual o seu maior arrependimento do período em que esteve na Câmara Legislativa do DF?
Raad: Olha, eu acho que o meu maior arrependimento foi nunca ter acreditado que aquela Câmara Legislativa fosse tão podre como ela é e que eles tivessem a capacidade de fazer coisas que eu vi lá dentro, por exemplo, que eles tivessem a capacidade de fazer até comigo o que foi feito. Como eu cheguei na época para o Joe, que era presidente do Código de Ética, eu falei: Joe, você é capaz de condenar um homem inocente? Ele respondeu: Não. Mas ele se recusou a me receber em seu gabinete, quando eu fui mostrar para ele o documento do banco, o que foi feito dentro do banco, quando eu fui falar pra ele que o Dr. Flamarion foi na lista, ele não quis olhar, então ele não quis olhar, ele não quis me receber. Nenhum dia ele me atendeu, que eu pedi por diversas vezes pra ir conversar com ele. Assim como por diversas vezes eu pedi ao Dr. Michel para ir almoçar, bater um papo, conversar, aí ele ficava com aquele – Ah, vamos sim, vamos sim. E nunca me atendeu. Então eu virei aquela ovelha negra da Câmara, ninguém queria me escutar e pronto. Até mesmo que ninguém queria me escutar porque? Porque eu tinha provas, mas ninguém queria ver minhas provas, ninguém queria falar: – Ah eu sabia e fui contra. Mas foi isso que aconteceu. Então das coisas mais triste que eu tenho da Câmara é essa, que eu nunca imaginei que aquelas pessoas fossem tão ruins, tão más.
Donny Silva: O que espera do futuro?
Raad: Olha, espero que a política, não digo só no modo Câmara Legislativa, mas no Brasil inteiro, que ela volte a se recuperar, de uma forma mais honesta, uma forma mais tranquila e que o Brasil volte a caminhar, a crescer para que a gente possa fazer voltar a nossa vida normal e eu acho que essa transformação de 80% não deve acontecer só na Câmara Legislativa, como vai acontecer no Brasil inteiro. Até nesse ponto eu sou um cara abençoado porque invés de eu tentar uma eleição que eu acho que como todo mundo fala, seria muito fácil, eu prefiro que seja meu filho, jovem, com cabeça diferente, ele tem uma facilidade pra resolver as coisas, ele não, todos eles. Então eu quero dar uma oportunidade para ele e ficar muito feliz vendo a eleição dele e que ele consiga realizar as coisas que eu não consegui na Câmara Legislativa do Distrito Federal. É preciso mesmo acompanhar tudo o que acontece por lá, porque definitivamente não há transparência nem seriedade em muita coisa.
Fonte: Donny Silva
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