Pesquisadores descobrem que o jaborandi tem potencial de combate à Covid-19



O jaborandi, planta muito utilizada na fabricação de cosméticos, pode ter propriedades para prevenir o novo coronavírus. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi)


Foto: Renato Lima.

O coordenador dos estudos, professor Francisco das Chagas Alves Lima, explica que o trabalho científico iniciou no ano passado com o surgimento da pandemia no Brasil. O professor Alves Lima é graduado em Química pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), mestre e doutor em Química pela Universidade de São Paulo (USP).

“O estudo in slico, que usa computadores como parâmetros, identificou quatro de dez moléculas da Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardleworthque, nome científico do jaborandi. Elas possuem características potenciais para inibir o vírus SarsCov-2”, diz ele. A Epiisopiloturina (EPR), a Epiisopilosina (EPS), a Isopilosina (IPS) e a Pilosina (PS) são as quatro moléculas com maior afinidade de se relacionar à protease do novo coronavírus.

De acordo com o professor Lima, o jaborandi é capaz de interagir com uma enzima da Covid-19, chamada de Mpro. Ele ainda revelou que um empresário se interessou pelo trabalho e deverá ser firmada uma parceria para dar continuidade aos estudos in vitro (processos biológicos). A pesquisa sobre o jaborandi também será apresentada em maio deste ano durante a realização de um seminário virtual norte-americano.

Com o estudo computacional químico (in slico), que envolve métodos quânticos e de dinâmica molecular, além de conceitos da Física, Matemática e Biofísica, é possível detectar a interação química entre as moléculas do jaborandi com a enzima ativa da Covid-19.

“Em cima dos resultados, obtêm-se parâmetros termodinâmicos, estruturais e eletrônicos. São valores que o pessoal da Química Experimental aproveita para identificar inibidores para a enzima do coronavírus”, acrescenta o professor.

Um dos participantes das pesquisas foi Ézio Sá, doutor pelo Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Ele conta que o estudo in slico foi publicado na revista britânica Molecular Simulation, com o título original de “In silico study of the interactions of Pilocarpus microphyllus imidazolic alkaloids with the main protease (Mpro) of SARS-CoV-2”.

Uma substância do jaborandi, a pilocarpina, já é utilizada pela indústria farmacêutica no controle do glaucoma. Conforme Sá, a planta apresenta também capacidades antiinflamatórias, antioxidante, anticancerígenas, além de apresentar boa resposta para doenças respiratórias. “A ideia de examinar os constituintes do jaborandi se deu anos atrás por outras doenças, e resolvemos investigar diante da Covid-19, tendo uma resposta positiva”, finaliza.

Edilayne Martins

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