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Rastreamento na
gravidez pode diagnosticar doenças raras
Avaliação com
especialista em Medicina
Materno-fetal pode diagnosticar doenças e detectar a
evolução de problemas que possam prejudicar o bem estar materno e fetal
Cerca de 13
milhões de brasileiros possuem doenças raras, de acordo com o Ministério da Saúde. Na definição da OMS,
doenças raras são aquelas que afetam até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos. Estima-se que haja
8 mil tipos de enfermidades classificadas como raras no mundo. A medicina
materno-fetal pode auxiliar no diagnóstico de algumas destas doenças ainda
intra-útero.
“A malformação
fetal, de maneira geral, é por si só
algo relativamente raro, equivalendo a cerca de 1% dos bebês nascidos vivos. Algumas malformações possuem origem
genética, outras são alterações estruturais
isoladas ou até mesmo desenvolvidas por conta de infecções. A ultrassonografia é um método muito eficaz para buscarmos estas
alterações, avaliando o desenvolvimento adequado do bebê e aquilo que foge do
adequado”, explica o coordenador de medicina materno-fetal da Maternidade
Brasília Matheus Beleza.
De acordo com o médico, com o rastreio pela
ultrassonografia, há uma taxa de 70% a 80% de detecção precoce de malformações.
Nas ecografias morfológicas, a chance de descoberta aumenta,
chegando a 94% a depender da malformação e do sistema envolvido.
“Algumas
malformações, como por exemplo defeito de fechamento da parede abdominal,
defeitos cerebrais severos, defeitos severos da coluna e tumores fetais, têm
taxa de detecção de até 100% quando são
muito evidentes. Com isso, dividimos as malformações de acordo com cada
sistema. Alguns são mais fáceis de detectar alterações e outros mais difíceis,
dependendo da forma e momento em que aparecem. Em alguns casos, sinais
discretos apenas já são um alerta para
direcionar o cuidado e a atenção a esse bebê e a essa gestação”, explica.
Entretanto, de
acordo com o ginecologista, a capacidade de diagnóstico por meio da
ultrassonografia não se relaciona diretamente às doenças mais raras, mas sim às doenças mais
frequentes na mãe e que são as mais preocupantes. “Como exemplo temos o
rastreamento para a pré-eclâmpsia
precoce, que é o diagnóstico da pressão alta na
gestação. Está é uma doença muito frequente e que pode causar sérios riscos de
lesão para a mãe e no desenvolvimento do bebê. Desta maneira damos muito
destaque à sua detecção para que seja possível uma intervenção o mais
precocemente possível”, alerta.
Matheus Beleza
afirma que diversas doenças maternas também podem causar problemas no feto, como
a restrição de crescimento e dificuldade de vascularização fetal, alterando o seu bem-estar.
Segundo o médico, este
rastreio deve ser feito no pré-natal e iniciado
precocemente, entre 11 e 14 semanas no exame morfológico de primeiro trimestre.
“Um bebê que
cresce demais, uma placenta que não oferece nutrientes e oxigênio adequadamente, um líquido amniótico muito
aumentado são algumas das alterações vistas no ultrassom que podem ser
consequência de doenças maternas e que podem ser detectadas ainda no
útero. Não podemos esquecer do rastreamento de prematuridade, que se faz pela
medida do colo uterino no segundo trimestre, entre 20 e 24 semanas, para poder
chegar a um cálculo de risco (estimar se ter um parto prematuro é alto ou baixo
risco). Lembro que a prematuridade é um dos principais problemas em obstetrícia como um todo”,
aponta.
O ginecologista
ainda destaca que a intenção do setor de medicina materno fetal é avaliar o
bem-estar dos bebês e fazer o rastreamento de doenças, raras ou não. “Tentamos
buscar alterações do bem-estar, fatores de risco para a mãe e para as doenças
mais prevalentes e de maior risco, como: a pré-eclâmpsia, a prematuridade,
diabetes gestacional e as malformações cardíacas e genéticas. Nesse contexto,
observar a mãe de maneira cuidadosa nos direciona para um cuidado mais
específico, atencioso e com uma frequência de consultas diferentes daquelas que acontecem em pré-natal de baixo risco”, finaliza.