Aposentada quase fica tetraplégica em passeio ciclístico de rotina

Stella com equipe médica do Hospital Brasília  


 

Aposentada quase fica tetraplégica em passeio ciclístico de rotina
 

O pneu da bicicleta prendeu em um bueiro, fazendo com que a mulher caísse e tivesse uma fratura de vertebra cervical com lesão da medula espinhal

 

Quando Stella Villa, 59 anos, saiu de sua casa na manhã do Dia das Mães para pedalar, não esperava terminar o dia paraplégica. Ao realizar um desvio para evitar o trânsito de uma passeata, o pneu de sua bicicleta prendeu em um bueiro fazendo com que ela caísse, batesse a cabeça e tivesse uma fratura da vertebra cervical. Se o socorro tivesse sido diferente, a mulher teria perdido todos os movimentos para sempre.

 

“Como de costume, saí de casa às 6h e, no percurso final, havia um passeio motociclístico no Eixo Monumental que ocupava as seis faixas da pista. Por isso, resolvi mudar o trajeto e desviei para dentro da Rodoviária do Plano Piloto, a fim de evitar algum acidente. Por um rápido descuido, o pneu da minha bicicleta entrou num bueiro aberto e eu caí de cabeça no chão e, do jeito que caí, eu fiquei. Não perdi a consciência em nenhum momento, mas não sentia nada do pescoço para baixo. Um rapaz me viu, pegou meu celular e ligou para a emergência, que foi muito rápida”, conta a aposentada, que estava equipada com capacete, óculos, luva e roupa própria para a atividade.

 

Segundo o cirurgião de trauma do Hospital Brasília Wellington José dos Santos, o impacto da queda gerou uma lesão na medula espinhal de Stella, causando um edema. “Ela tem uma tetraplegia funcional, que é falta de movimentos precisos. Havia um edema próximo a fratura na medula espinhal, porém, ao analisar em conjunto com o neurocirurgião, não havia necessidade de cirurgia naquele momento. Se o socorro tivesse sido mais demorado, provavelmente teria sido irreversível”, explica.

 

Stella foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e ali permaneceu por cinco dias. O médico conta que foi administrada uma medicação, a minociclina, por 14 dias para diminuir o edema com melhora importante das funções motoras. Neste período, a paciente relata que aos poucos foi começando a sentir as mãos e os braços.

 

Agora, a mulher está em casa, realizando acupuntura, fisioterapia e outros cuidados que visam ao retorno dos movimentos. “Sou muito grata por todos que cuidaram de mim. Sempre muito atenciosos. Da faxineira a coordenação, todos são parte da minha recuperação”, conta. Wellington José ainda destaca: “a determinação, o bom humor e a alegria de Stella estão sendo essenciais em sua reabilitação”.

 

Mesmo com o ocorrido, Stella revela que não deseja parar a atividade ciclística. “No primeiro dia pensei: nunca mais vou voltar a pedalar. Porém, com o passar do tempo, eu vi que o que aconteceu comigo foi uma fatalidade e eu decidi que vou sim voltar. Além de pedalar algumas vezes por semana, eu viajava de bicicleta. Conheci o Vietnã, Camboja, tudo de bicicleta, e é o jeito mais gostoso de viajar. Então, refletido sobre tudo isso, eu pensei que tinha que voltar a pedalar, com toda a segurança, com equipamentos e com mais atenção”, finaliza.

 

cirurgião de trauma do Hospital Brasília Wellington José dos Santos


Segurança no ciclismo

 

O cirurgião aponta que a melhoria dos equipamentos de proteção, que privilegiam a região cervical, é um passo fundamental para quem deseja ter segurança para realizar o ciclismo. “Tivemos 3 ou 4 pacientes que sofreram acidentes enquanto pedalavam e ficaram com sequelas graves. Estes ciclistas, principalmente os amadores, devem ter cuidado com as bicicletas que alcançam altas velocidades, com estradas em péssimos estados de conservação e se atentar aos equipamentos de segurança que devem ser os mais adequados possíveis, inclusive do tamanho correto”, alerta.

 

O médico ainda aconselha que, quando houver um acidente envolvendo ciclistas, os primeiros socorros devem ser: “garantir a segurança da cena, pois quem presta o socorro pode estar em risco de sofrer algum acidente; ligar para os serviços de emergência (SAMU, Bombeiros) o mais rápido possível informando ao médico regulador a respeito da cena: se a pessoa está respirando, há quanto tempo ocorreu o acidente, entre outras informações”.


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