Foto Gustavo Fring
Imunização individual, proteção
coletiva
Em tempo de pandemia do novo
coronavírus nunca e demais falar sobre imunização e ressaltar a importância da
vacinação
A primeira vacina foi criada há três séculos e
possibilitou o controle da varíola. De lá para cá, os imunizantes mudaram
bastante, tendo a tecnologia e a ciência como aliadas, mas seu objetivo
permanece o mesmo: combater a disseminação de doenças contagiosas, de modo a
proteger não só o indivíduo vacinado, mas toda a população. Em tempo de
pandemia do novo coronavírus falar sobre imunização, ressaltar a importância da
vacinação torna-se ainda mais latente.
Estima-se que cerca de três milhões de vidas sejam
salvas anualmente por conta da imunização, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS). “Graças às vacinas, doenças graves como a poliomielite,
difteria e o tétano neonatal foram controladas e a varíola erradicada, e outras
dezenas podem ter o mesmo destino”, afirma o infectologista pediátrico da
Maternidade Brasília, Felipe Teixeira de Mello Freitas.
De acordo com o especialista, é preciso ficar
atento ao calendário vacinal não só durante a infância. “Embora a maioria das
vacinas existentes seja aplicada na infância, é importante ressaltar que
imunizantes importantes são inoculados em jovens e adultos, como é o caso, por
exemplo, da vacina contra a meningite meningocócica e contra o HPV em
adolescentes”, ressalta.
O que é a vacina?
A vacina é uma imunização ativa, ou seja, estimula
o organismo a produzir anticorpos. Baseia-se na introdução do agente causador
da doença (atenuado ou inativado) ou de substâncias que esses agentes produzem
no corpo de uma pessoa, de modo a estimular a produção de anticorpos e células
de memória pelo sistema imunológico.
Com essa produção de anticorpos e células de
memória, a vacina garante que, quando o agente causador da doença infecte o
corpo do imunizado, ele já esteja preparado para responder de maneira rápida,
antes mesmo do surgimento dos sintomas da doença.
Algumas doenças que podem ser prevenidas com
vacinação são poliomielite, tétano, meningite, coqueluche, sarampo, rubéola,
gripe, febre amarela, difteria, hepatite B e, mais recentemente, a COVID-19.
No Brasil, entre 1940 e 1998, a expectativa de
vida aumentou 30 anos como resultado, principalmente, da redução de óbitos por
infecções evitadas por vacinas. “A comunidade fica protegida ao alcançar a
imunidade de rebanho, termo tão em voga atualmente por causa do novo
coronavírus. Tal imunidade acontece quando o número de indivíduos vacinados e
protegidos é alto o suficiente para impedir a circulação do agente infeccioso,
o que acaba por evitar que entrem em contato com indivíduos não vacinados que
possuem algum tipo de contraindicação à vacina, e estes não adoecem”, explica o
infectologista.
Vacinas no Brasil
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações
(PNI) garante o acesso gratuito a 20 vacinas, que protegem contra mais de 40
doenças. A estratégia de vacinação em massa executada pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) possibilitou a erradicação de diversas doenças infecciosas. Sem as
vacinas, pessoas de todas as idades ficariam vulneráveis diante de doenças que
podem ser prevenidas.
Como complemento ao PNI, a Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) oferecem
calendários de vacinação que permitem expandir o espectro de proteção, com
vacinas disponíveis na rede privada para diversas faixas etárias e indicações.
Foto Gustavo Fring
Diminuição da cobertura vacinal
O desconhecimento sobre a importância do papel das
vacinas no "sumiço" de doenças graves, associado à disseminação de
fake news sobre efeitos colaterais das vacinas, têm contribuído para a
diminuição da cobertura vacinal em todo o mundo.
No Brasil, um exemplo é o sarampo, que chegou a
ser erradicado do país em 2016, mas voltou a circular dois anos depois. Em
2020, foram registrados mais de 7.700 casos da doença. Ainda sobre a realidade
brasileira, segundo a SBP, a única vacina destinada a crianças que atingiu sua
meta de cobertura em 2018 foi a BCG.
“As vacinas são seguras e eficazes. Antes de serem
liberadas para uso na população, elas passam por pesquisas e testes rigorosos.
Entender a segurança e a relevância dos imunizantes para a saúde individual e
coletiva é fundamental para mantermos a cobertura vacinal necessária”, conclui
Felipe. |