PIB do Brasil deve crescer 2% em 2024 com estabilidade macroeconômica, afirma especialista

Claudio Roberto Amitrano, durante lançamento do Atlas da Violência 2023, no Iphan. Foto Jose CruzAgência Brasil

Crescimento do PIB, controle da inflação e investimentos impulsionados por redução de juros e projetos de infraestrutura tornam favoráveis as perspectivas para a economia brasileira em 2024


Por Xinhua News

A economia brasileira deve manter sua tendência positiva em 2024, com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em torno de 2%, controle da inflação e maiores investimentos, impulsionados pela redução da taxa de juros e do custo do crédito e pelos projetos do governo na área de infraestrutura.

Em entrevista à Xinhua, o economista Claudio Roberto Amitrano, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do estatal Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), destacou a perspectiva favorável para a economia brasileira no segundo ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No plano fiscal, o governo assumiu o compromisso de déficit fiscal primário zero, uma meta difícil de alcançar, mas que indica previsibilidade para a dívida pública bruta, atualmente perto de 74% do PIB.

Para o IPEA, os destaques deste ano são uma situação financeira mais confortável para as famílias e as iniciativas de investimento público-privadas vinculadas ao novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

De acordo com as projeções do IPEA, o crescimento econômico de 2023 deve fechar em cerca de 3%. A desaceleração prevista para 2024 se deve principalmente à esperada queda do valor agregado da agropecuária em 3,2%, resultado de adversidades climáticas.

Segundo Amitrano, o crescimento em 2023 foi muito superior ao previsto inicialmente pelo mercado financeiro porque os chamados multiplicadores fiscais estavam subestimados.

"O gasto público tem um impacto positivo no crescimento do produto e o impacto foi muito maior do que se imaginava originalmente, em especial das políticas sociais. O multiplicador é maior quanto mais incidir sobre as populações de baixa renda".

O programa Bolsa Família de renda básica para a população de baixos recursos foi ampliado para mais de 21 milhões de beneficiários e seu valor mínimo foi estabelecido por lei em 600 reais (US$125).

Embora em 2024 esse impacto para o crescimento não vá ser da mesma magnitude que no ano passado, o impulso fiscal ainda deve ser bastante significativo. O outro fator importante se refere aos investimentos públicos.

"Esse impacto também costuma ser subestimado pelo mercado. No ano passado, não tivemos muito impacto de investimento público porque o novo PAC não tinha saído do papel. Em 2024, devemos começar a ver algum impacto", explicou Amitrano.

"Com o governo Lula, o novo PAC tem uma nova característica: há uma interação maior entre investimento público e privado, o que reduz o custo fiscal do programa e pode aumentar potencialmente seu impacto para o PIB", ressaltou.

Outro fator importante para o desempenho econômico deste ano é a continuidade do processo de flexibilização monetária promovida pelo Banco Central, "extremamente positiva para o funcionamento da economia brasileira".

Em agosto, o BC iniciou um ciclo de cortes sucessivos da taxa básica de juros Selic, que passou de 13,75 para 11,75% anual e a expectativa é que continue a baixar nos próximos meses até chegar a 9% ao ano.

A redução dos juros contribui para a melhora da situação financeira das famílias, apoiada também pela política de valorização do salário-mínimo e pelo Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas das Pessoas (Desenrola Brasil) para famílias de baixa renda.

"Ao cair a Selic, o custo do crédito cai, com impacto positivo para as empresas e as famílias que, nos últimos anos estiveram não só muito endividadas como também tiveram uma parte de sua renda comprometida com um pagamento de dívidas muito elevado, o que leva a uma redução do consumo ao longo do tempo", explicou.

O terceiro aspecto da redução da Selic é a redução no custo do endividamento, melhorando a situação patrimonial dos agentes econômicos, o que tende a fomentar as decisões de investimento.

"É um incentivo enorme para estimular o investimento. Prevemos uma melhoria da formação bruta de capital fixo. No ano passado tivemos queda da ordem de 3,3% e para 2024, projetamos um aumento de 2,6%", disse o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA.

Além disso, Amitrano destacou que a atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), programas governamentais como o Minha Casa, Minha Vida e o ciclo político de eleições municipais podem impulsionar o investimento público direto.

Outro setor com muito potencial é a economia verde. "Nessa agenda, o Brasil tem muitas condições de captar recursos externos, já que há muitos fundos de investimento em busca de oportunidades na economia ambiental", destacou o economista.

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