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Reconhecer os
sinais e agir a tempo pode salvar vidas e evitar sequelas graves
O Dia Mundial do AVC é uma
data essencial para reforçar a importância da conscientização sobre uma das
principais causas de morte e incapacidade no mundo.
De acordo com a
coordenadora regional do Hospital Anchieta, Ana Kariny Bezerra, falar sobre o
tema é falar sobre salvar vidas. “A data ajuda a quebrar tabus, esclarecer
mitos e, principalmente, ensinar a população a reconhecer precocemente os
sinais da doença. Essa conscientização salva vidas, pois quanto mais rápido o
paciente chega ao hospital, maiores são as chances de tratamento eficaz e
recuperação funcional”, destaca.
O Acidente Vascular
Cerebral (AVC) é responsável por cerca de 12 milhões de novos casos por ano no
mundo, e estima-se que uma em cada quatro pessoas terá um episódio ao longo da
vida. No Brasil, são aproximadamente 300 a 400 mil casos anuais, resultando em
mais de 100 mil mortes todos os anos, segundo dados do Ministério da Saúde e da
Organização Mundial do AVC. Esses números evidenciam o impacto expressivo da
doença na saúde pública e a necessidade de ampliar o conhecimento sobre
prevenção e atendimento rápido.
Grande parte dos fatores de
risco associados ao AVC é modificável. A hipertensão arterial é o principal
deles, seguida por diabetes, tabagismo, colesterol elevado, sedentarismo,
obesidade, fibrilação atrial e consumo excessivo de álcool. A boa notícia, segundo
Ana Kariny, é que até 90% dos casos podem ser prevenidos com o controle
adequado desses fatores. “Cuidar da alimentação, praticar atividade física,
controlar a pressão, o diabetes e o colesterol são atitudes simples que fazem
toda a diferença”, reforça.
Reconhecer os sinais de
alerta é fundamental para evitar sequelas graves. O método BE-FAST ajuda a
memorizar os principais sintomas: perda súbita de equilíbrio, visão dupla ou
perda visual, rosto torto, fraqueza em um dos braços, fala enrolada ou confusa
e, por fim, tempo — que representa a urgência em procurar ajuda médica
imediata. Em qualquer suspeita, é essencial ligar para o SAMU (192) e buscar
atendimento o mais rápido possível. “Cada minuto conta. A cada 60 segundos de
um AVC não tratado, cerca de 1,9 milhão de neurônios morrem. Por isso dizemos
que tempo é cérebro”, alerta a médica.
O tratamento rápido é o
principal determinante para um bom prognóstico. Nos casos de AVC isquêmico — o
tipo mais comum, causado pelo entupimento de uma artéria cerebral —, podem ser
utilizados medicamentos que dissolvem o coágulo e procedimentos como a trombectomia
mecânica, capazes de restaurar o fluxo sanguíneo. Essas intervenções precisam
ocorrer nas primeiras horas após o início dos sintomas, o que reforça a
importância de o paciente chegar o quanto antes ao hospital.
Nos últimos anos, o
tratamento e a reabilitação de pacientes com AVC evoluíram consideravelmente.
Novas medicações, como a tenecteplase, vêm se mostrando promissoras, enquanto
tecnologias como realidade virtual, robótica e teleatendimento têm ampliado as
possibilidades de recuperação motora e cognitiva. A criação de unidades
especializadas de AVC (stroke units) também tem contribuído para reduzir a
mortalidade e melhorar a qualidade do atendimento.
A recuperação após um AVC
depende do trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar, que envolve
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais,
nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Essa abordagem integrada é
fundamental para promover a reabilitação funcional, devolver autonomia e
melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Apesar dos progressos na
medicina, a desinformação ainda é um grande desafio. Muitas pessoas não
reconhecem os sintomas precoces ou acreditam que os sinais vão desaparecer
sozinhos, o que atrasa o atendimento e reduz as chances de recuperação. “Ainda
é comum a demora em buscar ajuda, o que compromete o tratamento. A educação da
população é uma das ferramentas mais poderosas na luta contra o AVC”, afirma
Ana Kariny Bezerra.
Campanhas de
conscientização como o Dia Mundial do AVC têm papel transformador, pois ensinam
a identificar os sinais, incentivam hábitos de vida saudáveis e reforçam a
importância da prevenção. Falar sobre o AVC é, acima de tudo, salvar vidas,
garantindo que mais pessoas possam reconhecer o problema a tempo e recuperar-se
com qualidade.