Cinco lições que os empreendedores podem tirar da crise


Negócios que incentivam a criatividade e fazem gestão de risco se adaptam melhor a momentos de adversidade
Arte: Carolina Daffara


Mesmo que as incertezas trazidas pela Covid-19 ainda pairem sobre o mercado, algumas ações já se mostraram decisivas para que empresas consigam passar pela crise com estabilidade.

Uma delas é ter uma base de clientes fiéis, o que ajudou empresários a seguir vendendo depois que o movimento físico cessou ou reduziu. “Alguns cuidados são sempre reforçados para as empresas, mas nos momentos de crise eles se tornam mais relevantes”, diz César Rissete, gerente de competitividade do Sebrae.

Muitas vezes, o empreendedor adota uma estratégia adequada, e o que falta é a abordagem correta, afirma Rissete. Por exemplo, pode ser que ele cuide do fluxo de caixa (o dinheiro que entra e que sai), mas sem a devida intensidade.


É importante que o empresário procure solucionar os problemas aos poucos, tendo cautela para que a ansiedade não se torne outro obstáculo, diz Edgard Barki, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV).

ESTIMULE A CRIATIVIDADE
A capacidade de ser criativo e de se adaptar foi essencial para que empresas buscassem soluções e se reinventassem neste momento.

“Mas não é de uma hora para outra que o empresário fica criativo”, afirma Barki.
A maioria das ideias não surge de forma espontânea, vem de momentos de reflexão, diz David Kallás, professor e coordenador do centro de estudos em negócios do Insper.

A sugestão de Rissete, do Sebrae, é reservar tempo para fazer reuniões com funcionários e até fornecedores, se possível. Nessas conversas, os participantes devem discutir soluções para situações reais da empresa, que podem ser aplicadas seguindo critérios de impacto e viabilidade.

FAÇA GESTÃO DE RISCO
Ao montar um plano de negócios, muitas vezes o empresário não se pergunta quais riscos podem deixar sua atividade vulnerável, afirma Sandra Façanha, coordenadora do curso de administração da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).

Pensar nisso faz com que as empresas fiquem mais preparadas para lidar com crises. O primeiro passo é identificar quais questões podem ameaçar o negócio.

“Por exemplo, percebo que apenas um cliente responde por 70% da minha receita. Isso significa que, se ele tiver uma dor de cabeça, eu também posso me prejudicar”, diz.

Depois dessa etapa, é importante mensurar o impacto que aquele risco pode causar e, então, buscar estratégias para não ficar refém da situação. “Nesse caso, eu posso evitar dificuldades tendo mais clientes no meu portfólio.”

AMPLIE SEUS CANAIS
Mesmo antes da pandemia, empresas omnichannel, que fazem o uso integrado de diferentes canais de comunicação, já se destacavam no mercado, diz Barki. Agora, elas ganharam ainda mais relevância.

Ao não depender de uma única forma de venda, o negócio tem mais flexibilidade e fica menos vulnerável. “Para isso, não é preciso investir em um superecommerce”, afirma.

A empresa pode diversificar sua atuação usando Instagram, Facebook, WhatsApp e até Linkedin, diz Rissete. Aprimorar a presença digital será importante também depois da quarentena, já que muitos consumidores se acostumaram a comprar pela internet.

FORTALEÇA SUA BASE DE CLIENTES
Quando o movimento nos estabelecimentos diminuiu ou cessou com a pandemia, as empresas que tinham um relacionamento sólido com clientes conseguiram retomar os negócios com mais facilidade, diz Rissete, do Sebrae.

Já quem não tinha nem os dados da sua clientela precisou divulgar o seu serviço para um número muito grande de consumidores, sem saber se a mensagem transmitida se converteria em vendas.

Mas, para Barki, ter uma só lista de contatos não resolve o problema. É preciso dialogar com os fregueses para entender suas necessidades.

“Você deve prestar atenção individualmente para ouvir críticas e sugestões e, assim, criar uma oferta de produtos capaz de fidelizar compradores”, afirma o professor.

CUIDE DO FLUXO DE CAIXA
Com a queda brusca nas vendas devido à Covid-19, o empresário que tem um domínio mais preciso de seu fluxo de caixa conseguiu se reorganizar de forma mais ágil.

A partir do planejamento do que vai gastar e do que vai vender, ele consegue saber se vai ficar no vermelho e se antecipar a isso.

“Se sei que vou ficar cinco dias no negativo, posso pedir a um fornecedor para postergar um pagamento para não cair no cheque especial”, diz Kallás, do Insper.

Se não for possível entrar em um acordo, o empresário deve privilegiar o pagamento de contas que têm juros mais altos —e reduzir perdas.

Mesmo que de forma gradativa, é importante tentar construir uma reserva.

“Para isso, é preciso olhar o fluxo de caixa e entender o que sobra. Mesmo que seja pouco, vai acumulando”, afirma Rissete.

com informações da Folha de São Paulo

Edilayne Martins

"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida." (Bob Marley)

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