Agosto Dourado: volta da licença-maternidade pode afetar aleitamento materno exclusivo


A colaboradora do Grupo Marista Tania Botemberger segue com a amamentação, mesmo após retornar de licença-maternidade
Divulgação/Tania Botemberger

Pesquisa aponta que 23% das mães deixam de amamentar após retornar ao trabalho; iniciativas de empresas, como salas de amamentação, podem ser caminho de incentivo e apoio

Cada vez mais se fala sobre a importância do Aleitamento Materno Exclusivo (AME), mas as ações que apoiam ou incentivam a prática no Brasil ainda são consideradas insuficientes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que o aleitamento materno seja exclusivo até os seis meses de vida, devendo se estender até os dois anos ou mais. Como forma de incentivo e de comprovar os benefícios da prática, no Brasil, as ações e campanhas são divulgadas durante todo o mês, que é chamado de Agosto Dourado. A Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (WABA) define, a cada ano, o tema a ser trabalhado e, em 2022, é “Fortalecer a amamentação: educando e apoiando".

Muito além de uma estratégia para a promoção da saúde, o estímulo ao aleitamento materno se tornou um método que auxilia no desenvolvimento social do país, especialmente pós-pandemia, pois atua na melhoria da nutrição, garante a segurança alimentar infantil e reduz as desigualdades. Neste ano, a campanha nacional se concentra no fortalecimento da capacidade de governos, sistemas de saúde, locais de trabalho e comunidades de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno em diferentes níveis da sociedade, ajudando a criar e sustentar ambientes favoráveis à amamentação.  

Fim da licença-maternidade x continuidade da amamentação

Uma pesquisa das universidades de Brasília (UnB) e de São Paulo (USP), em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, mostrou que não estar em licença-maternidade, por exemplo, afeta em 23% a chance de interrupção da amamentação exclusiva, o que mostra que ainda é preciso investir em ações públicas e privadas que acolham as mães e incentivem a prática. Alguns programas que ampliam a licença e a implementação de salas de apoio à amamentação nos locais de trabalho, são realidade em algumas empresas, mas deveriam ser mais difundidas. Após o retorno da licença- maternidade, a mãe trabalhadora tem direito a dois intervalos de 30 minutos cada, durante a jornada de trabalho, para amamentar seu filho até os seis meses de idade da criança. 

“Voltar de licença-maternidade é algo que nos apavora, principalmente quando não temos rede de apoio, justamente por não saber o quanto poderemos contar com a empresa. No meu caso, foi uma grata surpresa encontrar onde trabalho um local para que eu possa tirar o leite para meu filho, que está na creche, armazená-lo em um congelador e levar para casa, sabendo que ele poderá consumi-lo no dia seguinte”, conta a coordenadora de Atração e Inclusão do Grupo Marista, Tania Botemberger. Trabalhando ainda em sistema híbrido, ela vai presencialmente ao escritório nas terças e quintas-feiras e a extração do leite se tornou rotina no horário do almoço. Há quatro meses de volta ao trabalho, Tania garante que a iniciativa ajudou muito no processo de adaptação à nova rotina e, principalmente, na decisão de não incluir a fórmula infantil na alimentação do seu filho. 

A sala de amamentação foi idealizada justamente pela percepção da necessidade de ter um espaço privado para as mães, neste período de retorno gradual ao trabalho presencial e da volta às aulas. Com 23 metros quadrados, o local conta com três poltronas de amamentação - com divisores entre elas -, microondas e geladeira para armazenamento do leite. O uso pode ser feito das 8h às 22h e é necessário retirar a chave na recepção do prédio. “A sala foi montada em 2019, mas, devido à pandemia, precisou ser fechada. Agora, com o retorno das aulas 100% presenciais e do trabalho ainda em sistema híbrido dos colaboradores, inauguramos o espaço e esperamos que seja bem aproveitado”, comemora o gerente de Recursos Humanos do Grupo Marista, Andree Luciano Dias. 

Aleitamento materno exclusivo cresce, mas atenção é contínua

Resultados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) - 1989 a 2019 -, do Ministério da Saúde, mostraram um aumento nos índices de aleitamento materno no Brasil: mais de 12 vezes da prevalência de amamentação exclusiva entre crianças menores de quatro meses, em relação a 1986, saindo de 4,7% para 60%. Já, entre os menores de seis meses, aumentou 42,8 pontos percentuais, passando de 2,9% para 45,7%, nesses 34 anos, o que corresponde a um incremento de cerca de 1,2% ao ano.

Esses números apontam que a licença-maternidade, que em 1986 era de apenas 84 dias e passou a ser de 120 dias em 1988, ajudou no aumento desses percentuais, principalmente nas crianças até os quatro meses (período da licença no país). No entanto,  a recomendação da Organização Mundial de Saúde é que, até 2025, o Brasil tenha, pelo menos, 50% das crianças abaixo de seis meses em aleitamento materno exclusivo. E todos os incentivos nesse sentido, como as salas de amamentação, entram como grandes aliados no processo de prolongar o aleitamento materno.


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